Numa noite de 1937, ao conversar sobre ficções fantásticas, três amigos – Jorge Luis Borges, Adolfo Bioy Casares e Silvina Ocampo – resolveram criar uma antologia com seus autores preferidos. Três anos depois, foi lançada a Antologia da literatura fantástica, consolidada em sua edição definitiva 25 anos depois, obtendo enorme sucesso não só de estima como de público.
Do filósofo Martin Buber ao explorador Richard Burton, passando pela tradição dos contos orientais, além de Cortázar, Kafka, Cocteau, Joyce, Wells e Rabelais, são 75 histórias – não só contos, como fragmentos de romance e peças de teatro - que nos apresentam uma literatura marcada pelo imaginário e por um modo diferente de representar a realidade.
Do filósofo Martin Buber ao explorador Richard Burton, passando pela tradição dos contos orientais, além de Cortázar, Kafka, Cocteau, Joyce, Wells e Rabelais, são 75 histórias – não só contos, como fragmentos de romance e peças de teatro - que nos apresentam uma literatura marcada pelo imaginário e por um modo diferente de representar a realidade.
Antologia da Literatura Fantástica (Cosac Naify)
Em outubro o Sesc Palladium realiza três edições do projeto Literaturas: questões do nosso tempo e convida Adriana Calcanhotto, no dia 27, Paulo Markun e Luis Mármora no dia 28, e Pedro Gabriel e Clarice Freire, no dia 29. Eles abordarão a relação do homem com o mundo por meio da escrita. A entrada para as apresentações é gratuita, com retirada de ingressos 2h antes do início de cada evento.
Participação no BOTO FÉ - iniciativa do Viva o Novo Agora. Um papo descontraído com o Lucas Silva.
Um canto da Europa dos anos 800. Uma pequena cidade imaginária e verossímil. Os sonhos do Sr. Rail e os lábios sedutores e inesquecíveis da Sra. Rail. A fábula dos primeiros trens. Um homem que ouve o infinito. Um menino que carrega o seu destino. A magia do Palácio de Cristal, imensa construção de vidro. A singular vida de Hector Horeau, arquiteto genial e ignorado. O que assiste ao leilão de seus bens, o que mata por cansaço, os que cantam uma nota só durante toda a vida, a que se casou com um homem que não existe mais, o que morreu maravilhado, o que aprendia uma coisa por dia, uma só, fiapos de histórias e rios de histórias. Um livro que recupera o prazer de ouvir grandes contos e a certeza de ainda poder contá-los. O romance que marcou o surgimento de Alessandro Baricco.
Gean Carlo é morador do bairro Goiânia, tem 11 anos e é frequentador assíduo da Biblioteca Comunitária Livro Aberto (Polo de Leitura Sou de Minas, Uai). Gean adora passar as tardes lendo quadrinhos.
"Como uma carta de amor" é o mais novo lançamento da escritora Marina Colasanti. É um livro mágico e que demonstra que Marina continua com o velho fôlego de sempre para os contos de fadas.
Nos vários contos desse livro, mulheres apaixonadas, reis, príncipes, nômades, homens comuns e animais passeiam de lá para cá nas histórias, construindo enredos fantásticos, que apelam para a imaginação e a fantasia do leitor e provocam as mais diferentes sensações e os mais profundos sentimentos: “Não demorou muito (...) para que os grandes portões lhes fossem abertos. Só então foi possível ver que seus dentes eram pontiagudos e recobertos de ferro. Mas já era tarde.” “A noite estava carregada de cheiros e habitada de presenças. Do mato onde se escondia, uma cobra viu a rápida ação da coruja, viu o camundongo desaparecer no bico adunco, ouviu o pio de satisfação e desafio que a coruja lançou no ar.” “Naquela manhã o sol demorou a levantar-se, como se quisesse dar mais tempo ao príncipe para a despedida.”
O blog Marina Manda Lembranças está sorteando um exemplar de "Como uma carta de amor". Entre e veja como participar.
Na cultura africana, cada ser humano está sob a proteção de um dos dezesseis príncipes, o seu padrinho do destino, cuja missão era colecionar histórias. No Brasil, os pais e mães-de-santo do candomblé são os sucessores dos príncipes africanos. É a partir desta premissa que o sociólogo Reginaldo Prandi reuniu os contos do livro, ilustrados por Paulo Monteiro.
INTRODUÇÃO
Os dezesseis príncipes e as histórias do destino
Há muito tempo, num antigo país da África, dezesseis príncipes negros trabalhavam juntos numa missão da mais alta importância para seu povo, povo que chamamos de iorubá. Seu oficio era colecionar e contar historias. O tradicional povo iorubá acreditava que tudo na vida se repete. Assim, o que acontece e acontecerá na vida de alguém já aconteceu muito antes a outra pessoa.
Saber as historias já acontecidas, as historias do passado, significa para eles saber o que acontece e o que vai acontecer na vida daqueles que vivem o presente. Pois eles acreditavam que tudo na vida é repetição. e as historias tinham que ser aprendidas de cor e transmitidas de boca em boca, de geração a geração pois, como muitos outros velhos povos do mundo, os iorubás antigos não conheciam a palavra escrita.
Na língua ioruba dos nossos dezesseis príncipes havia uma palavra para se referir a eles. Eles eram chamados de odus, que poderíamos traduzir como portadores do destino. Os príncipes odus colecionavam as historias dos que viveram em tempos passados, sendo cada um deles por um determinado assunto. Assim, o odu chamado Oxé sabia todas as historias de amor. Odi sabia as historias que falavam de viagens, negócios e guerras. Ossá sabia tudo a respeito da vida em família e da maternidade. E assim por diante. As historias falavam de tudo que acontece na vida das pessoas, de aspectos positivos e negativos, pois tudo tem o seu lado bom e o seu lado ruim.
Quando uma criança iorubá nascia, um dos dezesseis odus passava a cuidar de seu destino, de modo que na vida da nova criatura se repetiriam as historias contadas pelo príncipe que era o seu odu, o padrinho de seu destino. Sim, cada criança nascida naquele país tinha um odu protetor e esse odu acompanhava pela vida afora, era seu destino. E tudo que lhe acontecia estava previsto nas histórias que o príncipe protetor gostava de contar. Não era incomum um menino dizer aos amiguinhos: “Sou afilhado do príncipe Ejiobê e por isso vou ser muito inteligente e equilibrado”. “Meu odu é o príncipe Ocanrã e por isso sou assim esperto”, gabava-se, orgulhoso, outro moleque. “O odu que rege meu destino é Odi e eu vou ser um guerreiro valente e vitorioso”, falava um terceiro menino, sonhando com um destino venturoso, já se sentindo o maioral da criançada. Por isso chamamos os odus de príncipes do destino.
Bem, formavam o time completo dos odus os príncipes Ocanrã, Ejiocô, Etaogundá e Iorossum, mais Oxé, Obará, Odí e Ejiobê, além de Ossá, Ofum, Ouorim e Ejila-Xeborá e também Ejiologbom, Icá, Oturá e Oturopom. Fazendo um pequeno comentário os tais príncipes tinham nomes bem esquisitos, não é? Mas só porque são nomes africanos e nós somos brasileiros. Sendo assim, nossos ouvidos não estão acostumados com eles. Cada povo tem sua língua e cada língua tem seus sons e suas palavras. Quem fala uma língua acha os sons de outra esquisitos. se contássemos uma historia semelhante a esta para crianças africanas e disséssemos que nossos heróis eram chamados de Francisco, Vinicius, Pedro e Joaquim, elas iam achar os nomes muito estranhos, como nós achamos fora do comum os deles.
Entre os dezesseis príncipes do destino, Ejila-Xeborá talvez fosse o odu mais invejado, pois aqueles que tinham a vida regida por ele estavam fadados a agir com justiça e conhecer o sucesso, desde que não fizessem nenhuma besteira, é claro. Já o odu Obará só sabia falar de coisas tristes como as historias dos que são roubados, dos que perdem bens materiais, dos que não conseguem realizar ate o fim nada de bom, sempre envolvidos em fracasso e frustração. Por isso ninguém gostava de conversar com Obará, pois lá ia ele contando aquelas historias infelizes. E é claro que ninguém queria ter Obará, coitado, como padrinho de algum filho seu.
Acima dos dezesseis príncipes odus estava o Senhor do Destino, o deus que os iorubas chamavam de Ifá. Os antigos iorubás cultuavam muitos deuses, que eles chamavam orixás, e cada orixá cuidava de um diferente aspecto do mundo. Ifá era o orixá do destino, o mestre do acontecer da vida, e os odus trabalhavam para ele. Ifá vivia no Céu dos orixás, que era chamado de Orum. De lá ele comandava os príncipes odus. Os odus orientavam o destino dos seres humanos, mas Ifá os vigiava com muita atenção, para que tudo saísse como deveria ser na vida de cada homem, na vida de cada mulher, fosse um velho, fosse um adulto, fosse uma criança.